Resenha | Até que a Culpa nos Separe (Liane Moriarty)

Como um despretensioso churrasco de amigos em um ensolarado domingo pode mudar tanto a vida dos envolvidos e desencadear uma onda de acontecimentos? Em “Até que a culpa nos separe” embarcamos nesse mistério…

SOBRE O LIVRO: Tudo começou com um churrasco. Um daqueles momentos simples, uma tarde ensolarada, amigos reunidos no jardim de uma casa bonita. Agora, meses se passaram e cada pessoa que esteve lá guarda uma memória diferente daquele dia. Todos têm suas razões e ninguém quer assumir a responsabilidade pelo que aconteceu. À medida que tentam entender o que realmente se passou, segredos importantes e verdades difíceis começam a emergir.

Se eles não conseguem confiar nas próprias lembranças, será que podem realmente confiar em alguém?

Resenha até que a culpa nos separe:

Após ler “segredo do meu marido” e “ o que alice escreveu” Liane simplesmente se tornou uma das minhas autoras favoritas, sua escrita é extremamente viciante o que faz com que eu devore seus livros em uma velocidade acima do que costumo ler no dia a dia, mesmo não tendo dramas no meu ranking de gêneros favoritos e claramente ser um livro com uma narrativa lenta.

Em até que a culpa nos separe somos levados a acompanhar a vida de dois jovens casais de amigos e tudo que conecta esses relacionamentos, mas como um churrasco na casa luxuosa dos simpáticos vizinhos em uma linda manhã de domingo poderia expor tantas camadas dolorosas dessa amizade? 

A história gira em torno das amigas Clementine e Erika, e seus respectivos maridos Oliver e Sam, o livro inicia dois meses após o churrasco e deixa bem claro desde o início como o evento mudou o rumo de todos os envolvidos.

Com a narrativa intercalada entre passado (fatídico dia do churrasco) e presente faz com cada capítulo termine com um gancho perfeito (fato já recorrente em suas obras) aliado ao fato de ser contado em 3° pessoa podemos ter uma visão ampla de todos os personagens, e de cada ponto de vista em particular.

personagens:

A difícil amizade entre Clare e Clementine se mantém desde a infância tempo o suficiente para guardar muitos segredos entre a fina linha que as unem.

Erika é metódica, organizada e controladora, enquanto Clementine é desorganizada e foge do convencional, é então em cima dessas diferenças que a amizade das duas se desenvolvem, mas afinal ser tão diferentes poderia ao longo dos anos acarretar tantas cicatrizes? 

Em segundo plano mas não menos importante para a narrativa, acompanhamos os maridos Oliver e Sam e tudo que se esconde por trás da fachada de “casamentos perfeitos” e como de fato as coisas não são o que parecem.

Alguns outros personagens secundários são trabalhados na trama, e ao desenvolver da história se mostram mais importantes do que o esperado.

“Era interessante como fúria e medo podiam ser tão parecidos”

A escrita da autora:

O aprofundamento de cada personagem é narrado de maneira genial e a cada página você descobre um novo ponto que te aproxima mais de cada personagem, eu confesso que mesmo conhecendo a autora e amar os livros dela eu fiquei com receio do mistério me decepcionar, pois você coloca muita expectativa em volta de todo o evento, porém não decepciona! É intenso acompanhar os desdobramentos e os segredo que vem a tona a cada novo capitulo.

O livro aborda de forma realista muitos temas importantes como casamentos, transtornos mentais, maternidade, amizade e mantém como objeto central a culpa em sua mais massacrante e simples essência, tudo isso sem perder o mistério que perpetua durante toda a leitura e te faz ficar sem fôlego.

Outro ponto positivo que considero na escrita de Liane é que ela nos faz sentir na pele do personagem, eu costumo dizer que empatia foi algo que cresceu muito em mim ao longo dos anos graças a leitura e Liane nos deixa angustiados junto com os personagens.

Mesmo sem saber o motivo o incomodo está ali presente, em até que a culpa nos separe os personagens são construídos de uma maneira muito real, eles trazem bagagens emocionais que muitas vezes nos identificamos.

“Talvez a gente possa, algum dia, não esquecer é claro, mas perdoar. 
             Talvez a gente possa perdoar a nós mesmos”

Até que a culpa nos separe fala de dor mágoa e recomeço, é profundo nos emociona e surpreender a cada novo capítulo.

É o melhor que eu li da autora?

Não li todos os livros da Liane, mas seria incapaz de escolher exatamente meu preferido, porém “Até que a culpa nos separe” pra mim empata diretamente com “O segredo do meu marido” outro excelente livro da autora que com certeza vale o investimento, entre outros como “O que Alice esqueceu” e “Pequenas grandes mentiras” (original Big Little Lies) que inclusive foi adaptada para uma série da HBO, vale conferir!

O livro até que a culpa nos separe é bom? Vale a pena a leitura?

Na minha opinião sim, vale a pena!

• Um livro que aborda todas as camadas que formam um relacionamento
• Um livro que fala de dor, mas também de recomeço e redenção
• Um livro com um drama extremamente bem desenvolvido recheado de importantíssimas reflexões, personagens reais e enredo intenso

Sobre a autora:

Liane Moriarty é uma autora da Austrália reconhecida globalmente por seus sucessos literários, incluindo “Pequenas Grandes Mentiras”, publicado em 2014, e “O Segredo do Meu Marido”, lançado em 2013.

Ambos os livros conquistaram o topo das listas de mais vendidos do renomado jornal norte-americano The New York Times.

E você já leu algum livro da autora?

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Bruna Capinan

Apaixonada por livros desde a infância, é sentada ao lado de sua biblioteca particular que compartilha nesse espaço o seu amor pela literatura!